A Ordem de Cluny, ou Ordem Cluniacense, foi uma congregação monástica fundada no ano de 910 no mosteiro de Cluny, na França.
Esta ordem seguiu a Regra de São Bento, mas introduziu importantes reformas que influenciaram profundamente o monasticismo europeu durante a Idade Média.
Os monges de Cluny enfatizavam a centralização da autoridade dentro da ordem, com o abade de Cluny tendo grande influência sobre os mosteiros afiliados.
Além disso, a ordem tinha foco na oração, no trabalho litúrgico e na melhoria espiritual da vida monástica, muitas vezes em detrimento das atividades agrícolas ou manuais que eram comuns em outras ordens. Eles também promoviam uma reforma moral e espiritual dentro da Igreja, buscando eliminar a corrupção e a simonia (compra de cargos eclesiásticos).
A influência da Ordem de Cluny se espalhou por toda a Europa, chegando a ter mais de mil mosteiros sob sua liderança no auge do seu poder.
Com o tempo, no entanto, a ordem perdeu parte de sua influência, sendo suplantada por outras ordens como a Cisterciense, que promoviam um estilo de vida mais austero e voltado ao trabalho manual.
A ordem de Cluny no Caminho de Santiago
Como me interesso muito pelo tema das ordens ao longo do Caminho de Santiago, não podia deixar de conhecer o Monastério de San Zoilo, em Carrión de los Condes, e por lá me hospedei em minha passagem pela cidade.
Mosteiro de San Zoilo
O mosteiro foi fundado no século X, originalmente dedicado a São João Batista. Sua história mudou no século XI, quando as relíquias do mártir San Zoilo foram trazidas de Córdoba pelos condes de Carrión, levando à mudança do nome para San Zoilo.
Em 1076, a condessa Teresa Peláez doou o mosteiro à Ordem de Cluny, o que o transformou em um importante priorato cluniacense. Durante os séculos XII e XIII, atingiu seu auge, sendo sede do camerarius hispaniae (administrador dos bens cluniacenses na Península Ibérica) e um centro político e religioso de destaque, onde se realizaram concílios, cortes e eventos reais.
No século XV, deixou de estar vinculado a Cluny e passou à congregação beneditina de San Benito el Real de Valladolid. No século XIX, com a desamortização, deixou de ser um mosteiro ativo, sendo posteriormente usado como seminário e, mais tarde, convertido em hotel.
Mosteiro de Santa María la Real de Nájera
Fundado em 1052, o mosteiro foi doado à Ordem de Cluny no final do século XI. Tornou-se um centro cluniacense chave, com forte influência no Caminho de Santiago, servindo como hospital de peregrinos e local de eventos reais.
Mosteiro de San Juan de Ortega (Burgos, Espanha)
Embora mais associado à figura de San Juan de Ortega, um discípulo de São Domingos de la Calzada, o mosteiro foi influenciado pela espiritualidade cluniacense, especialmente por sua ênfase na hospitalidade aos peregrinos. Construído no século XII, era um hospital e albergue para peregrinos.
Catedral de Santo Domingo de la Calzada
Construída a partir do século XII, a catedral está ligada à figura de Santo Domingo de la Calzada, que dedicou sua vida a melhorar o Caminho de Santiago. Embora não seja um mosteiro, a catedral foi influenciada pela espiritualidade cluniacense, por sua ênfase na caridade e hospitalidade.